Belém, um diálogo: Josette Lassance & Karina Jucá.
- O melhor de Belém?
- Seu paradoxo.
- Belém é feia. Belém é bonita também. Às vezes quando chove ela se ilumina de águas prateadas.
- Qual o melhor lugar para ficar depois da chuva?
- Em casa, na cama, um sonho de chuva é diferente. Os finais de ano, começos de ano são lavados e os sonhos vêm limpos, mas às vezes com eles, a melancolia..
- Belém é bonita por dentro, mas o que significa isso afinal?
- Voltamos às estufas..
- Ou aos azulejos, às ruínas com seus mortos dentro, seus fantasmas, fantasmas dos burgueses da borracha, dos moleques das ruas antigas, dos vendedores de jornal...
- Seus ruídos e suas plantas úmidas. Quantas plantas sobrevivem viçosas dentro de uma ruína? Belém tem disso.
- Acho as ruínas mais bonitas que essas torres de concreto: Tour D’ argent, Maison Cartier, é como maquiagem, estar abafado em seus vestidos caudalosos, sempre belle-époque, torres de vidros espelhados refletem a cidade, os urubus, o céu sempre azul dos dias quentes, é, mas faz parte da mudança....e esses reflexos são bonitos..
- Desfiladeiros? Só se for o do Bolonha, uma das quase únicas descidas íngremes de paralelepípedos..
- Ah! Mas o pôr do sol na baía, o rio agitado, o vento levando os pardais ao encontro dos vidros invisíveis dos portais, o pôr do sol nos limites do Ver-o-peso. Nenhum pôr do sol igual no planeta..
- Diz uma máxima zen: “para vencer o frio, o movimento
para vencer o calor, o repouso.”
- Perceber Belém é preciso estar parado. Belém é uma nuvem de chuva no porta-retrato, no horizonte marron dourado, uma lembrança da infância..
- Olhar o leito do rio nesses dias viciados de trabalho relaxa a alma..
- Nenhum limite para o exagero, mas Belém é uma cidade realmente muito interessante, potencialmente poderia ser mais do que isso.., mas assim mesmo gosto muito dela.
- Eu também. Feliz aniversário, Belém!
1 comment:
primeiro: que bom que tem coisa nova pra ler...
segundo: Belém, que saudade!!!
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