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Friday, September 15, 2006

todos queremos deuses

voaria sim, como um anjo, talvez, não modificaria a paisagem, sobre aqueles secos ramos desfigurados do deserto, voaria sim, como um pássaro antigo, com os mesmos ferros de seus traços, o deus que queríamos ser, voaríamos em busca de zeus onde estivesse a magia de moldar os homens à sua imagem e semelhança.

na encosta da acrópole, todos os séculos reunidos nos extremos, o rosto fictício e posto em busto sobre os caminhos de todas as cidades, como as pedras de Roma e Grécia, o corpúsculo dos feitos heróicos de seus exércitos e de seus deuses.

erguidos sobre a silenciosa cúpula, os elmos dos gladiadores mortos em batalha, a divertida cena, inóspita batalha sobre as arenas.

o caos que resta nos cemitérios do mundo estão invadindo as ruas em fórmulas secretas de ideologias, sepulcros de palavras sob e sobre, sob e sobre os muros vencidos.

as bigas sobre o asfalto, entediadas dos engarrafamentos, os leões soltos, o templo aberto, a fome das platéias, o sorrisos do políticos acenam para os deuses, a violência da cabeça cortada, o ciúme dos vencidos, a casa da loucura, o labirinto, o poder.

todos queremos deuses. precisamos de suas máscaras para esconder-nos de nossas torturas, aliviarmos a dor do infinito, para eternizarmo-nos diante da desilusão.

todos queremos deuses.

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